quinta-feira, 2 de julho de 2015

Artigo: Pais Ausentes


Pais Ausentes
( Elizabeth Schurnovski)

 

É preciso pensarmos que o tempo que passamos com nossos filhos, mesmo que pouco, deve ser produtivo e deixar marcas de nossa educação. Corremos o risco de formarmos uma geração alienada em tecnologia ao passo que deve ser pensado na educação voltada para valores éticos, morais, valores que há tempo a sociedade vem deixando de lado.   Em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixamos a convivência educacional aos cuidados da escola.
Esta necessidade familiar gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar tais circunstâncias, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos, impedindo, por conseguinte, momentos de se educar e proporcionar os valores que devem ser seguidos; derivados dos próprios valores existentes nos pais e na constituição da personalidade da criança. Contudo, abre-se nova polêmica neste rastro de educação sem limites, ao lembrarmos que muitos pais com filhos hoje adolescentes e outros adultos vêm de uma geração na qual pregou por muitos anos a ideia de que a liberdade total era a melhor saída, contrapondo à ideia de repressão sócio histórica vivida por eles em sua juventude, o que acarretou em juízo de valores distorcido, vindo de um radicalismo social para outro, sem fazer "escola" desta forma de se educar. Não houve ponderação e consequentemente faltou um plano mediano que fosse sendo ajustado à medida que as demandas surgissem. Simplesmente foi-se estabelecendo este modelo de educação até o momento em que se evidenciaram os desastrosos resultado
Hoje, essa expressão ganhou destaque, principalmente, porque muitas escolas e muitos profissionais passaram a creditar o comportamento indisciplinado, ou desinteressado dos estudos, de crianças e adolescentes ao que eles chamam de pais ausentes. Traduzindo: pais ausentes, na concepção quase geral hoje em dia, são os pais que trabalham, e bastante, fora de casa e, por isso, quase não têm tempo para estar com os filhos, acompanhar o desenvolvimento deles, orientá-los sempre que for preciso, ensinar valores morais e de convívio etc.

Relações Pais e Filhos
As   relações familiares e o carinho dos pais exercem grande influência sobre a evolução dos filhos, em que a inteligência não se desenvolve sem a afetividade. (Segundo Almeida, 1999, p.50).
Isso mostra que estar presente na vida dos filhos é muito importante: sentar com eles; contar uma história; contar as vitórias e as derrotas da vida; deixar que eles façam parte do seu mundo. É muito importante também que os pais brinquem com seus filhos: role no tapete, jogue bola e participe do seu dia – a – dia, essa afetividade pode trazer grandes benefícios para a aprendizagem escolar da criança.
 Mas sempre há os que resistem. Os que delegam toda a responsabilidade aos professores são os que trazem mais problemas. Costumam não aceitar críticas e apoiam os filhos em atitudes indisciplinadas. São os que pedem que não sejam aplicadas provas às segundas-feiras para viajar no fim de semana ou sugerem que se enforquem feriados para que seus filhos não corram o risco de perder matéria. Se o pai faz esse tipo de reclamação, a escola se enfraquece e o jovem sem limites se fortalece.

Falta de Limites

Alguns pais não têm noção do mal que causam aos seus filhos quando não estabelecem limites para eles, atendendo todos os seus desejos sem questioná-los, crianças que não sabem controlar suas vontades, provavelmente não saberão lidar com problemas corriqueiros do seu dia-a-dia. Segundo Içami Tiba (195, p. 43) Quando falha o grande controlador, que é a família, representada na figura dos pais, os abusos começam a acontecer. E, quando um abuso é bem sucedido, ele se estende para social, na delinquência. Quando a família deixa o filho fazer sempre suas vontades, este com certeza criará problemas futuros., essa forma de educar os filhos, baseado no amor incondicional sem estabelecer as devidas restrições, dizendo com firmeza não e sim na hora certa, com explicações moderadas e objetivas estão levando as crianças a se tornarem jovens automaticamente dependentes, sem autocontrole e inseguros, incapazes de solucionar problemas que surgem na dinâmica de sua própria vida, sem perspectiva de uma vida futura progressiva, sem realizações enriquecedoras e positivas

Os Porquês da Ausência
Muitas são as razões da ausência dos pais na vida escolar dos filhos. Deve-se lembrar que, nos dias de hoje, o pai está AUSENTE não somente por condições de morte ou separação. Em muitas famílias, temos pais que, mesmo vivos e casados, se encontram ausentes, não participando da vida familiar, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a convivência educacional aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais, do governo ou particulares.

Existem pais que ficam 24 horas perto dos filhos e ainda conseguem ser ausentes, não possuem menor tato com as crianças, externando assim a falta de preparo emocional, intelectual e de outras ordens afim.

Conclusão


Estar presente é muito mais que uma conversa rara com os professores. Na verdade, a presença na vida escolar começa em casa através de conversas informais sobre a importância dos estudos, o acompanhamento nas tarefas de casa, o incentivo à leitura com muito amor e diálogo mesclados com o lúdico que toda a criança adora.

"Um pai ou uma mãe que engole os próprios princípios e se cala a cada malcriação dá um atestado de que não se respeita, e os filhos entendem isso como um sinal para que não o respeitem também." (Içami Tiba, 2003).

O presente mais valioso que os pais podem dar aos filhos é este: uma presença humanizadora, firme, afetiva e efetiva, constante, orientadora, que é o que permite aos filhos que reconheçam seu mundo interior e identifiquem os limites e o potencial do mundo exterior. Assim, eles aprendem a se situar na configuração social em que vão viver e conviver: a partir da família.
 Mas será que uma mãe, por exemplo, que não tem um emprego, que não tem carreira ou vida profissional é, necessariamente, uma mãe presente? E um pai que trabalha mais de dez horas diárias? Ele não pode de modo nenhum ser um pai presente? Fica a duvida !

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