quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Música na Educação Infantil


 
 Psicopedagogia
 
 Professor: Isaac Vitório Correia Disciplina: Aspectos da Infância no Brasil
 
Maria Elizabete R. S. Schurnovski
5/5/2012
 



 

 

O ensino de música, é fundamental para desenvolver a criatividade infantil, tornou-se novamente obrigatório nas escolas. Sancionada no dia 18 de agosto de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei nº 11.769 passou a valer para o ensino fundamental e médio de todas as escolas brasileiras, que têm, a partir de então, 3 anos para adaptar seu currículo na área de artes. Essa lei altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina o aprendizado de arte, mas não especifica o conteúdo.

Desde que o homem associou à sua voz o som de objetos, desenvolveu uma forma de linguagem: a música. A linguagem musical percorreu caminhos semelhantes às fases que as crianças experimentam junto aos sons. Inicialmente, a identificação e imitação dos sons da natureza (animais, vento, água etc.) e do cotidiano (automóveis, brinquedos, telefone, campainha etc.); depois, a construção dos primeiros instrumentos musicais, seguindo-se os registros (escrita musical) e a descoberta de vários ritmos e estilos musicais. (SITE: Projetos Pedagógicos Dinâmicos)

A música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais (ritmos marcados caminhando, batidos com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da educação perceptiva propriamente dita.

É importante trabalhar a música para deixar fluir, a imaginação, a intuição e a sensibilidades das crianças, pois, só assim lhes será oferecida a possibilidade de diversidade de pensamentos linguagem. Desse modo a linguagem musical chega a ser um conhecimento que se constrói e possui estruturas e características próprias como a produção e a apreciação.

A música é importante na vida de todos, pois ela expressa sentimentos, vontades, culturas. Ela pode se transformar num ótimo objeto de ensino-aprendizagem, pois as crianças conseguem se expressar com facilidade através da música, que é tida como a primeira manifestação artística vivenciada pelo homem.

“O processo musical ainda continua lento nas escolas, que a linguagem musical centra-se nas datas comemorativas e no convívio da rotina e não em atividades de experimentar, improvisar, conhecer esse universo de sons, para contribuir com a aprendizagem das crianças”. (Teca Alencar de Brito 2004),

As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.

A esse respeito Katsch e Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças”.

 

De acordo com pesquisas citadas por Brito (1999), a música é considerada uma das formas mais enriquecedoras de se trabalhar com a criança, uma vez que desenvolve inúmeros aspectos que contribuem para desenvolver o raciocínio, em especial as questões reflexivas. Na infância, a música representa papel de extrema importância, desenvolvendo um trabalho no qual a percepção musical é estimulada pela audição e interação com diversos tipos de canções.

Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.

 

As atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos, Gainza (1988):

Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga;

Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro;

Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.

As atividades com música permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolva sua noção de esquema corporal e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988), Pasini (2006) e Barreto (2000) afirmam que estas atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da forma descrita a seguir:

a. Desenvolvimento Cognitivo: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia-a-dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico-musicais, que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva.

b. Desenvolvimento Psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões.

As atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, bater pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores imprescindíveis também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.

c. Desenvolvimento sócio-afetivo: A criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se no contexto em que vive. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização desempenham um papel relevante. As atividades musicais coletivas, por exemplo, favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização.

 

«A música é adorável porque nos faz bem, ajuda-nos, oferece-nos algo especial que todos necessitamos: O bebé para de chorar e sorri quando se lhe canta; as crianças, os jovens e os adultos recorrem à música para dormirem, para estudar, para acordar, para trabalhar, para se entreter, relaxar...».( Violeta H. de Gainza  2001:8)

O relaxamento propiciado pela atividade de cantar também contribui com a aprendizagem. “O relaxamento depende da concentração e por isso só já possui um grande alcance na educação de crianças dispersivas, na reeducação de crianças ditas hiperativas e na terapia de pessoas ansiosas ”. Comenta ainda que crianças com problemas de adaptação geralmente apresentam respiração curta e pela boca, o que dificulta a atenção concentrada, já que esta depende do controle respiratório. Barreto (2000, p. 109)

A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. Assim como as atividades de musicalização a prática do canto também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais explorada na escola. Bréscia (2003) afirma que cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem, contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos recreios cantar pode ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão das emoções.

A música tem o poder de estimular prazerosamente a criança, principalmente quando desenvolvida de maneira lúdica, estimulando as mais diversas emoções. Uma pratica que abra caminhos a um fazer criativo, que propicie a construção de conceitos significativos através do reconhecimento, exploração e utilização de sons e ritmos do repertório natural e cultural, bem como a criação de diversos outros, por meio de jogos e atividades afins (Matos, 1998, p. 5).

A música precisa ser oferecida como brincadeira, porque exige que se pare para ouvir, o que desenvolve a disciplina, a atenção e o raciocínio. A educação pelo lúdico leva a uma aprendizagem espontânea, a um maior interesse e ao aumento da autoconfiança. É brincando que a ela convive com os medos, as raivas, ansiedades e estabelece o equilíbrio entre o mundo externo e interno desenvolvendo assim sua personalidade.

Brincando, a criança   aprende. Toda e qualquer    brincadeira cantada, deve ser entendida como um complemento à educação, a ludicidade ao desenvolvimento rítmico, musical e gestual.

Cauduro (1989, p.14) diz que:

“A implantação de novas estratégias lúdico-musicais e suas múltiplas facetas como o canto, os folguedos cantados, o movimento ritmado e expressivo, a percussão corporal e instrumental, a improvisação e declamação ritmada, contribuem no desenvolvimento ensino-aprendizagem, por ser nesta etapa da vida escolar que suas percepções, sua atenção e sua memória estão mais receptivas a todo tipo de estímulo e informação”.


Portanto, as atividades lúdicas são uma parte necessária das experiências de crescimento da criança; são maneiras de liberar energia e dar oportunidade a criança de planejar, organizar e produzir, oferecendo-lhe também lições de valor, que ela aprende a lidar com outras crianças de sua idade.  Nesse sentido faz-se necessária a sensibilização dos educadores para despertar a conscientização quanto às possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento do saber dos alunos, pois ela fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções.

 

 

Conclusão
 

Foi possível descobrir o quanto à música pode servir como instrumento indispensável tanto na aprendizagem, nas relações sociais, no desenvolvimento e na vida das crianças. Através da música e a implementação do lúdico como caráter recreativo deve cada vez mais se fazer presente em todas as escolas. A presença de momentos lúdico-musicais na vida escolar leva a criança a grandes descobertas, a autossuficiência, à expressividade, além de ser um poderoso meio de integração social.

 

 
REFERÊNCIAS

 

 BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.

BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil. (Propostas para a formação integral da criança). Ed. Peirópolis, 2004

CAUDURO, V. R. P, Iniciação musical na idade pré-escolar. Porto Alegre.Sagra. 1989.

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988.

MATOS, S (org.) Cantando, Brincando, Sonhando. Piracicaba. Eletrônico-1998

 PARISI, M. (2006). Música e Educação: Um Casamento que dá Certo.

 SITE, INTERNET. (Projetos Pedagógicos Dinâmicos)

WEIGEL, A. M. G. (1988). Brincando de Música.: Experiências com Sons, Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup.

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