Psicopedagogia
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Professor:
Isaac Vitório Correia Disciplina: Aspectos da Infância no Brasil
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Maria Elizabete R. S. Schurnovski
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5/5/2012
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O
ensino de música, é fundamental para desenvolver a criatividade infantil,
tornou-se novamente obrigatório nas escolas. Sancionada no dia 18 de agosto de
2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei nº 11.769 passou a valer
para o ensino fundamental e médio de todas as escolas brasileiras, que têm, a
partir de então, 3 anos para adaptar seu currículo na área de artes. Essa lei
altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina o
aprendizado de arte, mas não especifica o conteúdo.
Desde
que o homem associou à sua voz o som de objetos, desenvolveu uma forma de
linguagem: a música. A linguagem musical percorreu caminhos semelhantes às
fases que as crianças experimentam junto aos sons. Inicialmente, a
identificação e imitação dos sons da natureza (animais, vento, água etc.) e do
cotidiano (automóveis, brinquedos, telefone, campainha etc.); depois, a
construção dos primeiros instrumentos musicais, seguindo-se os registros
(escrita musical) e a descoberta de vários ritmos e estilos musicais. (SITE:
Projetos Pedagógicos Dinâmicos)
A
música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade
para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir
ações, comportamentos motores e gestuais (ritmos marcados caminhando, batidos
com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da educação perceptiva
propriamente dita.
É
importante trabalhar a música para deixar fluir, a imaginação, a intuição e a
sensibilidades das crianças, pois, só assim lhes será oferecida a possibilidade
de diversidade de pensamentos linguagem. Desse modo a linguagem musical chega a
ser um conhecimento que se constrói e possui estruturas e características
próprias como a produção e a apreciação.
A música é importante na vida de todos,
pois ela expressa sentimentos, vontades, culturas. Ela pode se transformar num
ótimo objeto de ensino-aprendizagem, pois as crianças conseguem se expressar
com facilidade através da música, que é tida como a primeira manifestação
artística vivenciada pelo homem.
“O
processo musical ainda continua lento nas escolas, que a linguagem musical
centra-se nas datas comemorativas e no convívio da rotina e não em atividades
de experimentar, improvisar, conhecer esse universo de sons, para contribuir
com a aprendizagem das crianças”. (Teca Alencar de Brito 2004),
As
atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e
sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a
abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a
cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.
A esse respeito Katsch e
Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode
melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na
aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas
crianças”.
De acordo com pesquisas citadas
por Brito (1999), a música é considerada uma das formas mais enriquecedoras de
se trabalhar com a criança, uma vez que desenvolve inúmeros aspectos que
contribuem para desenvolver o raciocínio, em especial as questões reflexivas.
Na infância, a música representa papel de extrema importância, desenvolvendo um
trabalho no qual a percepção musical é estimulada pela audição e interação com
diversos tipos de canções.
Ligar
a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode
contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se
adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade
psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente
alegre, favorável ao desenvolvimento.
As
atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos,
Gainza (1988):
Físico: oferecendo
atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade
emocional e fadiga;
Psíquico: promovendo
processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo
musical e sonoro;
Mental:
proporcionando situações que possam contribuir para
estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e
compreensão.
As
atividades com música permitem que a criança conheça melhor a si mesma,
desenvolva sua noção de esquema corporal e também permitem a comunicação com o
outro. Weigel (1988), Pasini (2006) e Barreto (2000) afirmam que estas
atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no
desenvolvimento cognitivo, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da forma
descrita a seguir:
a.
Desenvolvimento Cognitivo: a fonte de conhecimento da criança são as situações
que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia-a-dia. Dessa forma, quanto
maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento
intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico-musicais, que permitem uma
participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos
sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade
auditiva.
b.
Desenvolvimento Psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras
oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a
controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel
importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda
expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a
reação motora e aliviando as tensões.
As
atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, bater pés, são
experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o
senso rítmico, a coordenação motora, fatores imprescindíveis também para o
processo de aquisição da leitura e da escrita.
c.
Desenvolvimento sócio-afetivo: A criança aos poucos vai formando sua
identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando
integrar-se no contexto em que vive. Nesse processo a auto-estima e a
auto-realização desempenham um papel relevante. As atividades musicais
coletivas, por exemplo, favorecem o desenvolvimento da socialização,
estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Ao expressar-se
musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos,
libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e
auto-realização.
«A música é adorável porque nos faz bem, ajuda-nos, oferece-nos algo
especial que todos necessitamos: O bebé para de chorar e sorri quando se lhe
canta; as crianças, os jovens e os adultos recorrem à música para dormirem,
para estudar, para acordar, para trabalhar, para se entreter, relaxar...».(
Violeta H. de Gainza 2001:8)
O
relaxamento propiciado pela atividade de cantar também contribui com a
aprendizagem. “O relaxamento depende da concentração e por isso só já possui um
grande alcance na educação de crianças dispersivas, na reeducação de crianças
ditas hiperativas e na terapia de pessoas ansiosas ”. Comenta ainda que
crianças com problemas de adaptação geralmente apresentam respiração curta e
pela boca, o que dificulta a atenção concentrada, já que esta depende do
controle respiratório. Barreto (2000, p. 109)
A
música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando
dificuldades de fala e de linguagem. Assim como as atividades de musicalização
a prática do canto também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria
ser mais explorada na escola. Bréscia (2003) afirma que cantar pode ser um
excelente companheiro de aprendizagem, contribui com a socialização, na
aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias
quanto nos recreios cantar pode ser um veículo de compreensão, memorização ou
expressão das emoções.
A música
tem o poder de estimular prazerosamente a criança, principalmente quando
desenvolvida de maneira lúdica, estimulando as mais diversas emoções. Uma
pratica que abra caminhos a um fazer criativo, que propicie a construção de conceitos
significativos através do reconhecimento, exploração e utilização de sons e
ritmos do repertório natural e cultural, bem como a criação de diversos outros,
por meio de jogos e atividades afins (Matos, 1998, p. 5).
A
música precisa ser oferecida como brincadeira, porque exige que se pare para
ouvir, o que desenvolve a disciplina, a atenção e o raciocínio. A educação pelo
lúdico leva a uma aprendizagem espontânea, a um maior interesse e ao aumento da
autoconfiança. É brincando que a ela convive com os medos, as raivas,
ansiedades e estabelece o equilíbrio entre o mundo externo e interno desenvolvendo
assim sua personalidade.
Brincando,
a criança aprende. Toda e qualquer brincadeira cantada, deve ser entendida como
um complemento à educação, a ludicidade ao desenvolvimento rítmico, musical e
gestual.
Cauduro
(1989, p.14) diz que:
“A implantação
de novas estratégias lúdico-musicais e suas múltiplas facetas como o canto, os folguedos
cantados, o movimento ritmado e expressivo, a percussão corporal e instrumental,
a improvisação e declamação ritmada, contribuem no desenvolvimento
ensino-aprendizagem, por ser nesta etapa da vida escolar que suas percepções,
sua atenção e sua memória estão mais receptivas a todo tipo de estímulo e
informação”.
Portanto,
as atividades lúdicas são uma parte necessária das experiências de crescimento
da criança; são maneiras de liberar energia e dar oportunidade a criança de planejar,
organizar e produzir, oferecendo-lhe também lições de valor, que ela aprende a lidar
com outras crianças de sua idade. Nesse
sentido faz-se necessária a sensibilização dos educadores para despertar a
conscientização quanto às possibilidades da música para favorecer o bem-estar e
o crescimento do saber dos alunos, pois ela fala diretamente ao corpo, à mente
e às emoções.
Conclusão
Foi
possível descobrir o quanto à música pode servir como instrumento indispensável
tanto na aprendizagem, nas relações sociais, no desenvolvimento e na vida das
crianças. Através da música e a implementação do lúdico como caráter recreativo
deve cada vez mais se fazer presente em todas as escolas. A presença de
momentos lúdico-musicais na vida escolar leva a criança a grandes descobertas, a
autossuficiência, à expressividade, além de ser um poderoso meio de integração
social.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e
reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical:
bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
BRITO, Teca
Alencar de. Música na Educação Infantil. (Propostas para a formação integral da
criança). Ed. Peirópolis, 2004
CAUDURO, V. R. P, Iniciação
musical na idade pré-escolar. Porto Alegre.Sagra. 1989.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo:
Summus, 1988.
MATOS, S (org.) Cantando, Brincando,
Sonhando. Piracicaba. Eletrônico-1998
PARISI,
M. (2006). Música e Educação: Um Casamento que dá Certo.
SITE, INTERNET.
(Projetos
Pedagógicos Dinâmicos)
WEIGEL, A. M. G. (1988). Brincando de Música.: Experiências com Sons,
Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup.
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