Artigo:
VIOLENCIA NA ESCOLA
Elizabete Schurnovski
VIOLENCIA NA ESCOLA
Desde que o mundo é mundo, há violência na escola. Brigas, agressões físicas, enfim, sempre existiram. A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. Condições desumanas de sobrevivência tende a corromper estes indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidade perturbada. Em Vigiar e punir, é através da disciplina dos jovens que o sistema educativo se engrena, referindo-se ao sistema penitenciário, em que as prisões disciplinares tinham por objetivo a readaptação e integração destes à sociedade. Para FOUCAULT, em Vigiar e Punir relata a história do poder e punir, como a história da prisão. Assim, o jovem que ousou desafiar o poder deve ser punido pelo sistema. De certo modo até concordamos com tal punição, mas de que maneira seria esta punição? Acreditamos que tal sistema deva dar condições para que este infrator seja reabilitado sim, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos, realizando um processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional.
A escola apresenta uma imagem de segurança à sociedade, tendo a mesma a décadas traçado um perfil de exclusão e preconceito, sendo de aluno para aluno e de professor para aluno, essa discriminação causa desmotivação e falta de interesse do individuo. O professor precisa ter autoridade, mas não abusiva, sendo essa conquistada diariamente no âmbito do seu trabalho, e não através de imposições.
Ele também deve ter muito cuidado com comentários que sejam motivos de vergonha para os alunos, esses comentários só levam ao constrangimento e traumas e interferem no aprendizado/desenvolvimento dos alunos, e levam a violência escolar.
Cria-se uma atmosfera de medo assustadora quando difusa, dispersa, indistinta, desvinculada, desancorada, flutuante, sem endereço nem motivos claros (Bauman, 2008). O medo de se tornar a próxima vitima da violência se faz presente. Essa é a característica do medo líquido. Mas não é só isso, a violência exorciza, gera expectativa, se propõe a fazer justiça e participa de uma economia relacionada a mídia, onde se valoriza o ter, deixando o ser para um outro momento.
No livro Juventude Criminalizada, de Pablo Ornelas Rosa, este adolescente quando julgado culpado sofre o que chamamos medida socioeducativa, sendo privado de sua liberdade por um determinado tempo. Acreditamos que isto contribui cada vez mais para formação de jovens revoltados contra o sistema e a sociedade.
Expressam suas angustias, seus sonhos através do Rap e Funck, letras que para nós são depreciativas, com palavras de baixo calão, são jovens assim como nós fomos um dia, só que hoje, estão mais perdidos, sem um ideal a seguir. Concordamos em partes com o Estatuto da Criança, ele aborda os direitos da criança e adolescente, nossos jovens sabem muito bem quais direitos nele contidos, já os deveres!
Tá, vivemos em uma sociedade consumista, onde maior parte dos jovens cometem infrações com a justificativa que são da periferia, e o que dizer dos filhinhos da classe média alta? Isso não tem haver somente com a condição social destes, e sim, com a formação caráter e valores adquiridos até então. Mesmo a adolescência sendo uma fase na qual o individuo está em crise existencial, o caráter já deva estar presente.
O controle da criminalidade aparece em um contexto político, à lei penal é instrumento produzido por uma classe para aplicação às classes inferiores, dominando os menos favorecidos, caracterizando uma gestão de ilegalidades.
Esse controle rigoroso aliado a outras regulamentações forma um sistema punitivo, composto por dispositivos disciplinares que fazem funcionar normas gerais da educação. Podemos constatar a predominância da vigilância (disciplinadores) sobre a questão qualitativa da construção do saber educacional. O ensino é sobreposto pela vigilância.
Segundo Foucault (1977, p. 126), esses mecanismos “(...) permitem o controle minucioso de operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade - utilidade são o que podemos chamar as ‘disciplinas’”. Continuando a discorrer sobre essa questão afirma que a “(...) disciplina fabrica assim corpos ‘dóceis’. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminuem essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).”.
CONCLUSÃO
A escola é um ambiente parecido com uma prisão em sua disposição física, seus mecanismos de disciplinarização, sua organização hierárquica, sua vigilância constante. A construção de um saber qualitativo na educação, de ações e projetos pedagógicos é sobreposta pelo caráter disciplinar das escolas. O educar significa ensinar, qualificar, esclarecer mais também, disciplinar, vigiar, punir.
Garcia (1999) aponta que a ausência de um ambiente democrático pode desencadear em resistência e contestação por parte dos estudantes. Isso pode esbarrar na autoridade do educador e colocá-lo em uma situação difícil.
O professor precisa ter autoridade, mas não abusiva. Acreditamos que a raiz do problema esteja na própria legislação, dando plenos poderes (direitos) a nossos jovens, esquecendo que quem tem direito também deveria ter deveres.
BIBLIOGRÁFIAS
BAUMAN, 2008, Violência na Escola.
FOUCAULT, Vigiar e Punir, Petrópolis, vozes, 1977, p. 69 - 76;
GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. - Curitiba, n 95, p. 101-108.
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